O Open Banking emerge como um dos maiores avanços do sistema financeiro, colocando o usuário no controle absoluto de suas informações.
O Open Banking, também conhecido como Sistema Financeiro Aberto, define um conjunto de regras e interfaces tecnológicas que permitem o compartilhamento seguro e padronizado de dados entre diferentes instituições financeiras.
Não se trata de um aplicativo único, mas sim de um ecossistema no qual o cliente decide quais dados compartilhar, com quais empresas e por quanto tempo, sempre baseado em seu consentimento explícito.
A base legal: Lei Geral de Proteção de Dados assegura que as informações pertencem ao cliente, e o Banco Central do Brasil regula toda a operação, garantindo transparência e segurança.
Estes dados só são acessíveis mediante autorização do titular, que pode revogar o consentimento a qualquer momento, assegurando autonomia total.
O compartilhamento ocorre através de APIs padronizadas e seguras, utilizando criptografia de ponta a ponta para proteger as informações em trânsito e em repouso.
O cliente confirma o consentimento via autenticação digital, que pode envolver biometria, reconhecimento facial ou senhas fortes. O prazo máximo de vigência desse consentimento é de 12 meses, mas pode ser revogado antecipadamente.
Instituições que descumprirem as normas estão sujeitas a multas e sanções aplicadas pelo Banco Central, o que reforça a importância de compliance rigoroso e constante por parte dos participantes.
O Open Banking no Brasil foi implementado em etapas progressivas, cada uma focada em ampliar o escopo de compartilhamento de informações e serviços.
O ecossistema brasileiro de Open Banking registra hoje cerca de 2,3 bilhões de comunicações bem-sucedidas por semana. Houve um salto expressivo nos consentimentos, passando de 43 milhões em janeiro de 2024 para 62 milhões em janeiro de 2025, um aumento de 44%.
Mais de 65 milhões de contas estão conectadas, movimentando aproximadamente R$ 1,2 bilhão por mês. O projeto conta com a participação de 700 instituições e cerca de 40 milhões de usuários ativos, refletindo um investimento superior a R$ 2 bilhões pelas principais instituições financeiras.
Essa penetração alcançou quase um terço da população bancarizada, superando o índice do Reino Unido, pioneiro no modelo.
O Open Banking traz mais opções de produtos financeiros ao consumidor, permitindo comparações de crédito, investimentos e seguros de forma muito mais transparente.
Essas mudanças promovem um ambiente mais dinâmico, onde bancos tradicionais e fintechs competem pela fidelidade do cliente, elevando a qualidade dos serviços.
Apesar dos avanços, a adesão de empresas ainda é um desafio para ampliar a capilaridade do sistema. A partir de julho de 2025, instituições com mais de 5 milhões de clientes ativos serão obrigadas a participar, podendo adicionar até 220 milhões de novos relacionamentos financeiros.
Outro ponto crítico é a necessidade de educação financeira e digitalização dos consumidores, para que compreendam o processo de consentimento e utilizem plenamente o potencial das novas ferramentas.
Internamente, as instituições precisam fortalecer sua governança, criando grupos técnicos e atualizando as regras de segurança e privacidade constantemente.
O Reino Unido foi o pioneiro em 2018, mas apresenta crescimento anual mais lento que o Brasil. Austrália, Índia, Rússia, EUA e Canadá também adotam ou estudam modelos de Open Banking, adaptados às suas realidades regulatórias.
O Brasil se destaca como referência global em velocidade de adoção, alcance e volume de transações, colocando o país em posição de liderança no cenário mundial.
O Banco Central do Brasil é o responsável pela regulamentação e supervisão do Open Banking, emitindo normas que garantem segurança, privacidade e estabilidade técnica.
Além de monitorar a qualidade das APIs e a conformidade das instituições, o BC aplica sanções em caso de descumprimento, reforçando o compromisso com um ambiente confiável para usuários e empresas.
Embora os riscos existam, eles podem ser mitigados com boas práticas de segurança da informação e ampla educação digital.
O desenvolvimento tende a evoluir para o conceito de Open Finance, integrando não apenas dados bancários, mas também informações de investimentos, previdência, seguros e serviços de pagamento.
Essa nova etapa abrirá espaço para produtos financeiros ainda mais personalizados, plataformas de recomendação automática e um ecossistema financeiro verdadeiramente centrado no cliente.
Com inovação constante e regulação eficaz, o Brasil poderá consolidar seu protagonismo global, incentivando a inclusão financeira e construindo um sistema mais justo, transparente e eficiente para todos.
Referências