O investimento sustentável se consolidou como uma estratégia que alia rentabilidade financeira a transformações positivas na sociedade e no meio ambiente. No Brasil e no mundo, a busca por aplicações que integrem critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) cresce diante de desafios climáticos e demandas por responsabilidade corporativa.
O conceito de investimento sustentável engloba ativos que consideram critérios ambientais, sociais e de governança em suas análises. Esse movimento surge da percepção de que empresas com boas práticas ESG apresentam menor risco e maior resiliência.
Além de promover a alocação consciente de recursos, o investimento sustentável atende a um propósito maior: impactar positivamente comunidades e preservar recursos naturais, assegurando um futuro mais equilibrado.
No primeiro semestre de 2025, os aportes privados em projetos de sustentabilidade e descarbonização alcançaram R$ 48,2 bilhões em 2025, representando um crescimento de 24% em relação ao ano anterior. Esse avanço reforça a confiança dos investidores na agenda ESG.
Os fundos de investimento sustentável (IS) registraram patrimônio de R$ 36,8 bilhões em julho de 2025, alta de 48,4% no semestre e de 89% em doze meses. A base de investidores saltou de 80,4 mil contas em dezembro de 2024 para 149,8 mil em julho de 2025.
O mercado brasileiro conta com 193 fundos ESG ativos, distribuídos entre aqueles com compromisso formal de investimento sustentável e os que apenas consideram fatores ESG. A maior parte desse crescimento se deu em fundos de renda fixa ESG, impulsionada pelo cenário de juros elevados.
Apesar do avanço expressivo, os fundos IS representam apenas 0,37% do patrimônio líquido total da indústria de investimentos, indicando espaço para expansão.
Os dados comprovam que o investimento sustentável pode gerar rentabilidade financeiramente superior em comparação aos ativos tradicionais. Desde abril de 2022, os fundos de ações IS subiram 41%, enquanto o mercado geral avançou 21,9%.
Esse desempenho destaca a viabilidade de alinhar lucro financeiro a impacto socioambiental, atraindo investidores que buscam valor de longo prazo.
Os projetos sustentáveis no Brasil têm resultados concretos. Já foram preservados ou restaurados 11,1 milhões de hectares e evitadas 305,8 milhões de toneladas de CO₂.
Adicionalmente, foram gerados 23,5 mil GWh de energia limpa, produzidos 4,3 bilhões de litros de biocombustíveis, tratados 202,9 milhões de toneladas de resíduos e reutilizados 36,8 bilhões de litros de água, volume suficiente para abastecer 670 mil pessoas por ano.
O mercado de títulos de dívida sustentável no Brasil atingiu US$ 67,8 bilhões até o primeiro semestre de 2025, sendo 61% desse volume alocado em títulos verdes. Apesar do histórico forte, as emissões de novos títulos caíram 65% no mesmo período, totalizando US$ 3,3 bilhões.
Essa queda reflete a instabilidade geopolítica, a ausência de emissões soberanas e o custo elevado de capital, com juros ao redor de 15% ao ano. Ainda assim, o Brasil lidera a emissão de títulos verdes na América Latina, à frente de Chile e México.
O segmento de investimentos sustentáveis ainda é visto como nicho, enfrentando desafios de letramento por parte de investidores e profissionais do setor financeiro. Contudo, há um movimento crescente de alinhamento às metas climáticas e sociais definidas em acordos internacionais, como a COP30.
Esses fatores indicam que, com inovações e modelos de financiamento colaborativos, o mercado pode escalar sem perder seu propósito socioambiental.
A COP30, realizada em Belém em 2025, elevou o protagonismo do Brasil na agenda global de sustentabilidade. Governos e instituições financeiras buscam criar regulações e métricas confiáveis para estimular investimentos alinhados a critérios ESG.
Segundo o Banco Mundial, conciliar sustentabilidade fiscal e ambiental pode ampliar o PIB em mais de 5%, demonstrando a sinergia entre responsabilidade econômica e preservação dos recursos naturais.
Empresas de energia limpa, economia circular, reflorestamento, tratamento de resíduos e gestão de água têm protagonizado histórias de sucesso. Projetos da Amcham e iniciativas lideradas por Abrão Neto e Carlos Takahashi mostram como é possível unir estratégia de negócios e propósito socioambiental.
Em um cenário de transição, esses cases servem de inspiração para investidores, setor privado, governo e sociedade civil, provando que a sustentabilidade pode ser fonte de inovação e criação de valor compartilhado.
O Brasil, com sua biodiversidade rica e extensos recursos naturais, está em posição única para liderar a transição global rumo a um futuro sustentável. O momento é agora: investir com consciência, buscando lucro e impacto social, é construir as bases de um mundo mais justo e equilibrado.
Referências