O setor bancário brasileiro passa por uma revolução profunda, onde a tecnologia redefine conceitos e práticas tradicionais. As instituições financeiras são hoje verdadeiras plataformas digitais, gerando debates sobre a continuidade das agências físicas.
Em poucos anos, o Brasil consolidou o celular como principal canal de relacionamento bancário. Em 2024, 119,6 milhões de brasileiros acessaram bancos pela internet, um incremento de 22,5 milhões desde 2022.
Esses números refletem o aumento para 71,2% da população conectada que usa bancos digitais, ante 60,1% em 2022. As transações digitais respondem por 82% de todas as operações bancárias, demonstrando a maturidade do mobile banking no país.
No último ano, registrou-se um volume de 208,2 bilhões de transações digitais, reforçando que o brasileiro busca autonomia, agilidade e segurança em cada movimento financeiro.
Nos últimos dez anos, o Brasil perdeu 7.252 agências bancárias. São Paulo lidera com 2.737 fechamentos, seguido por outras capitais que já se acostumam ao cenário digital.
Entre 2015 e 2025, os cinco maiores bancos reduziram sua rede de agências de 19.800 para 12.000 unidades, uma queda de 39,4%. O impacto no emprego é significativo: só o Bradesco demitiu 2.564 funcionários em 2025 ao fechar 342 pontos de atendimento.
Os bancos apontam três razões principais para o fechamento de agências:
Em muitas cidades do interior, a única agência bancária desapareceu, obrigando idosos e pessoas sem letramento digital a viajar até 50 km para realizar serviços básicos. Essa situação reforça o isolamento financeiro em regiões menos digitalizadas.
Comércios locais enfrentam escassez de dinheiro em espécie e barreiras ao crédito, diminuindo a circulação econômica. Relatos de aposentados revelam dificuldade em acessar benefícios e pagar contas, evidenciando o desafio da inclusão financeira.
O Brasil concentra 58,7% das fintechs financeiras da América Latina, com mais de 1.700 startups em atuação. Essas empresas conquistam clientes atraídos por taxas baixas e agilidade no atendimento.
Em 2024, o crédito digital via fintechs cresceu 68%, alcançando R$ 35,5 bilhões e atendendo 67,5 milhões de pessoas físicas. Esses números comprovam a força das novas plataformas.
Os orçamentos de TI dos bancos brasileiros ultrapassarão R$ 47,8 bilhões em 2025, com foco em IA, analytics e migração para a nuvem. O aumento de 61% no investimento em big data e de 59% em cloud computing evidencia a prioridade tecnológica.
Soluções como Pix e Open Finance aceleram a integração entre instituições, ampliando serviços como pagamentos, empréstimos e investimentos, fortalecendo o conceito de banco como plataforma integrada.
Embora o digital seja dominante, o modelo híbrido ainda tem espaço, especialmente em regiões com baixa conectividade. Para se diferenciar, bancos oferecem uma gama de serviços além da conta corrente.
Essa diversificação mantém o relacionamento com clientes que ainda valorizam pontos de contato presenciais e cria novas oportunidades de faturamento.
Os dados apontam para um contínuo fechamento de agências, mas nem todos os clientes conseguem migrar completamente para o digital. A responsabilidade social dos bancos torna-se crucial para atender populações excluídas.
Instituições públicas mantêm redes mais robustas por obrigações legais, mas o avanço tecnológico permanece irreversível. Regulações e parcerias com fintechs podem garantir serviços essenciais em áreas remotas.
Ao se tornarem plataformas digitais, os bancos reorganizam seu papel: deixam de ser apenas locais de atendimento para se tornarem ecossistemas financeiros, oferecendo soluções completas e personalizadas.
O futuro reserva um cenário híbrido, onde o atendimento físico segue em menor escala, mas mantém-se ativo para atender demandas sociais. O verdadeiro legado será a inclusão financeira de todos os brasileiros, aproveitando o melhor da tecnologia e o calor humano do atendimento presencial.
Referências